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Viver com TDAH, TEA e Altas Habilidades: A Montanha-Russa da Dupla (ou Tripla) Excepcionalidade

por Ricardo Berger
Viver com TDAH, TEA e Altas Habilidades A Montanha-Russa da Dupla Excepcionalidade

Você já ouviu falar em dupla excepcionalidade? Agora imagine isso multiplicado. Viver com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) ao mesmo tempo é como estar no controle de uma máquina complexa, veloz e imprevisível — sem manual de instruções.

Esse não é um diagnóstico comum, nem fácil de entender. Mas ele é real. E eu estou aqui pra te contar, com todas as letras (e crises), como é conviver com essa tríade — que mistura genialidade, hipersensibilidade, ansiedade, foco instável e uma necessidade insaciável de entender o mundo (e fugir dele às vezes também).


Altas Habilidades: Um motor potente com freios instáveis

Ter AH/SD é muitas vezes visto como uma dádiva. E é mesmo, em partes. Pensamento rápido, criatividade, facilidade de aprendizado, hiperfoco seletivo, tudo isso me acompanha desde sempre. Mas o que poucos percebem é que esse “supercérebro” também pode ser altamente disfuncional quando em conflito com outras condições neurológicas.

“Você é tão inteligente, por que não consegue simplesmente focar e fazer o que precisa ser feito?”

Essa pergunta, que já ouvi inúmeras vezes, ignora o que significa ter AH/SD combinado com TDAH e TEA. A mente acelera, pula etapas, cria conexões e inova — mas também se esgota, se dispersa e entra em colapso emocional quando não encontra estrutura.


TDAH e TEA: Uma dupla que não combina (ou combina até demais)

Se o TDAH é o mestre do caos, o TEA é o guardião da ordem. Enquanto um quer liberdade, o outro quer controle. O resultado? Uma guerra interna silenciosa, mas diária.

  • O TDAH me impulsiona a começar mil projetos ao mesmo tempo, mas me sabota na hora de terminar.

  • O TEA exige rotina, previsibilidade e padrões, mas entra em pânico com o caos causado pelo TDAH.

  • Ambos disputam espaço com as Altas Habilidades, que imploram por profundidade, desafio e liberdade intelectual.

Esse conflito cria um tipo de cansaço mental e sensorial que é difícil de explicar — mas exaustivo de sentir.


Como isso afeta minha rotina (e por que café não resolve tudo)

Para mim, manter uma rotina produtiva e emocionalmente estável é um desafio constante. Trabalho com criação e tecnologia, o que por um lado é maravilhoso, já que me permite usar meu potencial criativo. Mas, por outro, exige foco e entrega contínua — coisas que, na prática, nem sempre consigo sustentar sem altos custos emocionais.

Alguns dos principais desafios:

  • Produtividade instável: um dia produzo como um gênio, no outro, não consigo sair da cama.

  • Crises de hiperatividade mental: a mente nunca para, mesmo quando o corpo está exausto.

  • Interações sociais drenantes: eu amo conversar, mas me esgoto rápido. Preciso de “tempo de recarga” após qualquer evento social.

  • Autocrítica severa: mesmo com conquistas, muitas vezes me sinto “menos” por não conseguir me encaixar no que esperam de mim.


O impacto emocional de viver com múltiplos diagnósticos

Viver com TDAH, TEA e AH/SD não é apenas uma questão de comportamento — é uma experiência emocional profunda. Luto diariamente com a sensação de estar “desajustado demais para o mundo comum e comum demais para o mundo dos gênios”.

A fadiga social, a hipersensibilidade emocional e o constante esforço de tentar regular estímulos e emoções tornam tudo mais intenso.

Mas também aprendi que intensidade pode ser potência — quando canalizada.


Estratégias que têm me ajudado (mas não fazem milagres)

1. Aceitação radical

Não é fácil, mas é libertador. Entendi que não sou preguiçoso, nem estranho — sou neurodivergente. E tudo bem. Tenho limites diferentes e também talentos únicos.

2. Rotinas flexíveis

Preciso de estrutura, mas com espaço pra improviso. Uso o Notion e o Google Calendar, mas deixo “janelas criativas” para fluir quando a mente permite.

3. Comunicação transparente

Aprendi a explicar meus limites para amigos, colegas e clientes. Isso evita mal-entendidos e abre espaço para relações mais humanas.

4. Tempo de reclusão

Momentos de silêncio, solidão ou imersão em um tema específico são tão importantes quanto o trabalho. Sem eles, meu sistema entra em colapso.

5. Apoio psicológico

Terapia (e às vezes medicação) é parte do meu plano de sobrevivência. Não como fraqueza, mas como estratégia.


Dupla (ou tripla) excepcionalidade: o que é e por que importa falar sobre isso?

O termo “dupla excepcionalidade” se refere a pessoas que possuem tanto uma ou mais deficiências quanto Altas Habilidades/Superdotação. No meu caso, são três diagnósticos: TDAH, TEA e AH/SD. Isso é mais comum do que parece — mas ainda muito pouco falado no Brasil.

Essa condição exige uma abordagem educacional, emocional e social personalizada, que reconheça tanto as potencialidades quanto as limitações.


Convivendo com o caos (e encontrando beleza nele)

Se tem uma coisa que aprendi vivendo nessa montanha-russa neurodivergente, é que não existe um jeito certo de existir. Existe o meu jeito — e, se eu respeitar meu ritmo, minhas pausas e minhas paixões, posso transformar o caos em criação.

A mente neurodivergente não é defeituosa — ela é diferente. E essa diferença pode ser o ponto de partida para novas soluções, conexões e formas de viver mais autênticas.


Conclusão: Genialidade com imperfeições também é genialidade

Se você também vive com diagnósticos múltiplos, ou se conhece alguém assim, saiba: não é fácil, mas é possível viver bem. E mais do que isso — é possível florescer fora do padrão, respeitando sua singularidade.

Meu cérebro pode ser barulhento, cansativo e fora do tempo. Mas dentro dele, tem um universo inteiro de ideias, empatia, intuição e vontade de fazer a diferença.

E você? Consegue se identificar? Vamos conversar. A gente não precisa enfrentar essa jornada sozinho.


Fontes e referências:

Imagem: Canva

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